A.˙.G.˙.D.˙.G.˙.A.˙.D.˙.U.˙.

M.˙.I.˙.C.˙.T.˙.M.˙.R.˙.

4 de mar. de 2009

Experiências com banco de sementes mudam vida de sertanejo

[Notícias]

História diferente à de Luiz Gonzaga é a de seu Osvaldo Pereira Lima, 56 anos, morador da comunidade Linda Flor, no município de Porto da Folha. Lá, onde vive desde que nasceu, seu Osvaldo trabalhou e constituiu família. Com sua esposa, Dona Maria da Conceição Lima, seus oito filhos e nove netos, seu Osvaldo tem como meio de renda a produção de milho, feijão, uma pequena horta, plantas forrageiras, além da criação de bovinos, ovinos, suínos e galinhas, os quais são desenvolvidos em sua propriedade rural de pouco mais de 21 ha de extensão.

Suas mãos calejadas, que mais parecem uma fotografia reduzida da terra árida e cheia de rachaduras do sertão sergipano, denunciam o quanto é penoso trabalhar na agricultura na região, por conta das dificuldades enfrentadas com o longo período de estiagem, onde a terra apresenta baixos níveis de produtividade, principalmente pela deficiência de nutrientes do solo. “A decadência da nossa produção não está só na falta de chuvas, mas também na falta de nutrientes que possam dar melhores condições às plantas de produzirem’, declara seu Osvaldo.

Conta ele que o apoio que vem recebendo da equipe de assistência técnica e extensão rural da Empresa de Desenvolvimento Agropecuário de Sergipe (Emdagro) tem facilitado o dia a dia na comunidade uma vez as ações desenvolvidas traduzem o compromisso daqueles que fazem a Ater ao dar um novo sentido a vida dos moradores da região. Exemplo disso é o redirecionamento da exploração das culturas através de palestras, campos de demonstração e excussões com produtores, tudo com o objetivo de aumentar a produção das culturas de forma sustentável, tendo como base a ciclagem de nutrientes, principalmente quanto ao uso de esterco animal.

“A participação do pessoal da Emdagro melhorou muito a minha produção. Eles vêm, apresentam novos conhecimentos e tecnologias, nos ensinam práticas que facilitam nosso dia a dia, fazendo com que a gente colha mais e trabalhe menos através da utilização de animais, além do melhoramento do rebanho”, afirma satisfeito o agricultor.

Segundo ele, as experiências vividas permitiram que os produtores da região se organizassem em uma associação e, através dela, implantasse um banco de sementes que vem beneficiando 65 produtores da localidade com a produção coletiva de milho, feijão e mandioca. “O banco de sementes foi que mudou minha vida”, diz, acrescentando que, por conta do programa de banco de sementes, conseguiu ampliar sua propriedade e plantar de tudo um pouco, além de criar animais, viabilizando um maior conforto para ele e sua família.

Organização social

Inserido numa comunidade de aproximadamente 92 famílias, seu Osvaldo Lima, foi uns dos fundadores da Associação de Produtores Rurais da Comunidade de Linda Flor, a qual, atualmente, congrega 65 agricultores. “No princípio, há 20 anos, nós conseguimos juntar outros produtores, os quais contribuíram com 10 kg de sementes de feijão que serviram para darmos início a nossa produção coletiva”, diz Osvaldo.

Para ele, a formação de uma entidade de classe contribui sobremaneira para as conquistas de direitos até então desconhecidos pelo homem do campo. “Quando estamos organizados, como é o caso da nossa associação, as coisas acontecem facilmente porque passamos a tomar conhecimento sobre nossos direitos e cobrá-los às autoridades competentes”, afirma ele, acrescentando que todas as reivindicações feitas foram atendidas, a exemplo da água encanada, iluminação pública, a construção escola estadual e a implantação do programa de saúde da família na comunidade.

Banco de sementes.

O Programa de Bancos de Sementes do Governo do Estado é executado pela Secretaria Estadual de Agricultura e Desenvolvimento Agrário através da Emdagro e tem como objetivo a produção de sementes selecionadas nas comunidades, promovendo aos agricultores familiares sua independência através do acesso de sementes de boa qualidade, em época oportuna e apropriada para o plantio.

No caso da comunidade de Linda Flor, o programa vem sendo desenvolvido com o apoio coletivo dos produtores que, de forma organizada, vende parte da produção de sementes e o dinheiro é reinvestido na aquisição de materiais e equipamentos da própria associação.

“Com esse sistema coletivo nós conseguimos estruturar a associação com compra de terrenos, os quais já somam 62 ha cultivados com milho, feijão e mandioca; equipamentos, como tratores, semeadoras, baldes de armazenamentos, construímos uma casa de farinha, dentre outras coisas”, comemora Osvaldo Lima.

Com o banco de sementes, a associação de Linda Flor pode, dentre outras coisas, assistir aos próprios associados em momentos de baixa produção, como acontece em períodos de longas estiagens, ao emprestar a estes as sementes produzidas coletivamente na condição de serem restituídas com acréscimo de 20%.

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