A.˙.G.˙.D.˙.G.˙.A.˙.D.˙.U.˙.

M.˙.I.˙.C.˙.T.˙.M.˙.R.˙.

6 de jun. de 2014

Brasil e o complexo de vira-lata



A famosa expressão criada pelo dramaturgo e escritor Nelson Rodrigues, quando da realização da Copa do Mundo de 1950, em que o Brasil perdeu a final para o Uruguai em pleno Maracanã, volta a assombrar os sentimentos dos brasileiros nessa Copa que se avizinha. O “Complexo de Vira-Lata” foi a expressão criada pelo dramaturgo para retratar o trauma sofrido pelos brasileiros com a derrota da Seleção Canarinha.
Para Nelson Rodrigues, o complexo de vira-lata é a "inferioridade em que o brasileiro coloca, voluntariamente, em face do resto do mundo". Ainda segundo ele, "o brasileiro é um narciso às avessas, que cospe na própria imagem. Eis a verdade: não encontramos pretextos pessoais ou históricos para a autoestima".

Pois bem, posso concordar que determinadas coisas não vão muito bem no país: saúde, educação, segurança, impostos excessivos, etc, etc, etc. Da mesma forma, também não concordo a maneira como se deu, por exemplo, a Lei Geral da Copa e a construção de algumas das arenas esportivas, nome dado para rebatizar os estádios de futebol. Mas acontece que estamos recebendo o mundo em nossa casa e para isso precisamos ser os anfitriões que sempre fomos e, como tal, somos reconhecidos mundialmente. Quando recebemos os amigos em nossa residência, não ficamos apontando os erros dos nossos filhos, ou os nossos próprios, e nem mostrando a parede da sala mofada ou a goteira do teto, pelo contrário, mostramos o lado bom de estarem ali se confraternizando, mostrando ao visitante que o mais importante são, na verdade, as pessoas que ali residem.

Tenho em mente que as mazelas internas do Brasil devem ser tratadas internamente pelo seu povo no momento mais apropriado, que é na urna, na hora do voto. Mas, antes disso, precisamos cobrar dos nossos representantes as condições necessárias para que o visitante que aqui chegue se sinta bem recepcionado. E não falo isso como forma de jogar a sujeira embaixo do tapete, não. Digo isso porque o mundo está pouco se lixando se nossa saúde vai bem ou mal, se o combustível aumentou ou não, se o filho do pobre está ou não na escola, e sabem por quê? Porque eles também têm os seus problemas internos e, para falar a verdade e sem hipocrisia, nós também não damos a mínima para os problemas deles.

Mas, com todos os problemas que cada país enfrenta cotidianamente eu não os vejo se automutilarem, como o fazem os brasileiros. Esse complexo de vira-lata nos projeta como sendo um povo sem brio, sem autoestima e fracassado perante o mundo. Não pensem que lambendo as próprias chagas, estaremos expondo a insensibilidade de governos como o de Lula, Dilma, FHC ou de qualquer outro governo que venha posteriormente. Fazendo isso, estamos apenas pintando nosso autorretrato, porque os políticos que hoje estão no poder são nada mais nada menos que o nosso próprio reflexo estampado no espelho da vergonha.

Quero ter sempre a consciência de que eu sou o Brasil e o Brasil sou eu. Amo o meu país e me compadeço do que ele está se transformando, mas não o abandono jamais. Sei que o país precisa de mim, como sei que eu preciso dele cada vez mais forte, pujante e altivo. Se o mundo vem para cá, o recebamos com a cabeça erguida e com aquele sentimento norte americano de patriotismo.

Vou torcer sim pela minha seleção, porque ali eu estarei representado. Se houver derrota, então cairei também, mas, se houver a vitória, amigo, saia da frente porque o gigante acordou.

Sou brasileiro e não desisto nunca!

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