[Artigo]
Fazendo um breve acompanhamento em matérias e reportagens referentes àqueles jovens de classe média e média alta que se enveredam pelo mundo do crime, chegando até a assassinar seus próprios pais, percebi que precisamos abrir uma ampla discussão sobre o por quê desses moços e moças, de classes bem abastadas, praticarem tais barbaridades.
Seria a má educação, ou melhor, a má criação ministrada por seus pais enquanto crianças? Ou a fortíssima influência da mídia na formação do caráter da pessoa, como afirmam alguns “entendidos”? Quem sabe as tendências de uma sociedade que já não mais admite o controle dos pais sobre seus filhos, por acharem pura caretice?
Ora, quem realmente educa nossos jovens são os videogames que, na maioria das vezes, despertam os sentimentos mais primitivos do homem; a ausência permanente dos pais por estarem assoberbados de trabalho deixando a educação de seus filhos em segundo plano; a “liberdade” plena da Internet; a mídia, com suas intransigentes programações disseminado a extinção da moral e dos bons costumes; a galerinha do mau; os traficantes, que aparecem nessas horas para desencaminhar nossos jovens; o álcool e uma infinidade de "educadores" de plantão que se encontram em qualquer esquina da vida, além de levar em consideração a criminosa omissão dos pais, por perceberem tudo isso e não fazerem nada.
São jovens que, aparentemente, vivem muito bem, sem saber sequer o que é passar necessidade, sem se preocupar com o dia de amanhã, que não lhe faltam nada dentro de casa (boas roupas, ótimos brinquedos, boas escolas, faculdades, comida farta, etc), esses mesmos jovens que passam o dia inteiro pensando besteira. São uns cabeças vazias.
Mais certo é o ditado que diz "cabeça vazia, oficina do satanás". O que dizer desse tipo de gente? Seria realmente a má educação o grande mote dessa violência toda? Acho que não, porque se assim o fosse um irmão seria igual ao outro. E a falta de afetividade, de carinho, compreensão, companheirismo dos pais por seus filhos, isso acarretaria tamanha e injustificável violência? Talvez sim, talvez não.
É presumível, entretanto, que o mau “caratismo” se instala nas pessoas desde o seu nascimento e, ao entrar em contato com o mundo aqui fora, termina por aflorar com toda força contra a sociedade em que vive, como afirmam alguns? Um pouco vago tal afirmação.
Sinceramente, acho que nem as variadas ciências que estudam a mente e o comportamento humano teriam uma resposta precisa para justificar tamanha violência. Como explicar o episódio daquela adolescente que juntamente com o namorado e o irmão deste assassinaram seus pais a golpes de paulada? Era uma menina bem de vida, pais ricos, família tradicional. Como explicar um universitário, que faltava um período para se formar em medicina, entrar com uma sub-metralhadora num cinema e fazer o que fez? Ele também era de classe média alta. Como explicar a covardia praticada pelos jovens, aqueles filhos de ministros, deputados e juízes, também de classe alta, que queimaram e assassinaram o índio Pataxó na Capital Federal? Não esquecer, também, da empregada doméstica que foi tocada fogo num ponto de ônibus por rapazes bem de vida, quando estes a confundiram com uma prostituta. E isso justifica tal perversidade?
Aqui mesmo em Aracaju, um episódio chocou a população quando o filho matou o próprio pai a golpes de panela de pressão, isso mesmo, panela de pressão. Dizem que a cabeça do pai virou “papa” ou melhor, pasta. Ele era de classe média.
O que precisa ser feito é que sejam desempenhadas ações, tanto pelos próprios pais quanto pelo poder público, para resgatar nesses jovens aqueles sentimentos de humanidade, respeito, compaixão, tolerância, compreensão, solidariedade e tudo aquilo que engrandecem o homem e os tornam sociáveis.
Por certo, há de se pensar urgentemente na melhor forma de promover um amplo e sério debate sobre essa problemática antes que seja tarde demais.